O Vilavox está ensaiando seu mais novo espetáculo, que traz um monte de novidades. O grupo está ensaiando "O Segredo da Arca de Trancoso", texto do dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho. A montagem será a primeira experiência do grupo com o universo infantil. A outra novidade é que o espetáculo será realizado fora da caixa cênica, na rua, explorando recursos cênicos como máscaras, pernas de pau e uma cenografia adaptada para esse ambiente. A musicalidade, elemento chave das criações do grupo, contará com os instrumentos do acervo da professora Emília Biancardi.
Pela primeira vez, Cláudio Machado assinará a coordenação da encenação e um espetáculo do grupo e tem investido no treinamento de máscaras, com orientação de Isa Trigo, de pernas de pau com Gordo Neto, além das oficinas para manipulação dos instrumentos musicais de Emília Biancardi. Agora o grupo está confeccionando as máscaras sob a supervisão do aderecista e cenógrafo Agamenon Abreu.
O texto é inspirado no universo dos contos orais brasileiros e “conta a história de um menino encarregado de levar uma arca de madeira até um local muito distante. Logo ele descobre que a tal arca, espécie de baú, parece ter o poder de transformar a vida de todos os que tentam ver o que ela contém. Numa sucessão de surpresas, homens e mulheres com toda sorte de intenções, animais falantes e criaturas fantásticas surgem no caminho do menino tentando tomar posse da arca, o que demonstra ser aquele estranho objeto muito mais poderoso do que se pode imaginar.”
Com uma linguagem bastante coloquial, popular e com referências nordestinas, “O Segredo da Arca de Trancoso” veio a calhar com o desejo do grupo em se lançar à rua – depois de várias montagens exitosas na caixa. Na peça, ao final da viagem em busca do dono da arca, o menino, agora um rapaz, compreende que o caminho importa mais que a chegada. No final das contas, encontrar-se – amadurecendo com cada personagem e situação vivida – era o seu grande desejo, contido e guardado na arca durante toda a sua trajetória. Já na “nossa arca”, onde cabem muitos dos nossos desejos, encontraremos, também na rua, uma identidade que representa tudo que construímos até então, mas que permanece em contínua (trans)formação.