Teatro e Música. Essa é a combinação que dá alma ao grupo Vilavox, nascido em 2001 e que em toda sua trajetória, presa pela exploração dos elementos da musicalidade, do canto, dentro da cena e do drama. O movimento sempre fez parte também das montagens do grupo, que sempre flertou com a dança e a fisicalização. O grupo mantém uma rotina de aulas de voz, treinamento físico e acessa algumas linguagens de acordo com o universo a ser trabalhado no espetáculo.
Quando o grupo iniciou suas atividades havia poucos grupos de teatro e num momento no qual era mais frequente a montagem de elencos para espetáculos específicos. O próprio Vilavox surge com o perfil de uma companhia, selecionando atores por meio de audição para fazer parte do seu quadro e no decorrer de sua existência foi se configurando num grupo de teatro. Ao longo da década, a cena soteropolitana de teatro ganhou um fôlego diferente com a persistência de alguns grupos, trabalhando em prol de uma pesquisa de linguagem própria. Desse cenário, o Vilavox é um dos poucos que se aproxima da sólida marca de dez anos, experimentando variadas formas de fazer espetáculos onde a musicalidade ocupa papel de destaque.
Embora não se defina como um grupo de teatro político, o Vilavox sempre se aproximou da reflexão seja sobre a história, seja sobre a mitologia, seja sobre o demasiado humano. Essa sua característica está na genética da instituição onde nasceu, o Teatro Vila Velha, espaço de resistência e experimentação fundado há 46 anos e que reúne cinco grupos de significativa importância na cena teatral baiana. Da trajetória do Vilavox, são frutos cinco espetáculos, uma série de oficinas e encontros de intercâmbio com artistas consagrados na Bahia e no país, ciclos de leituras dramáticas, além de articulações com outros grupos e formadores de opinião em prol da construção de políticas culturais.
Além de trabalhar no fortalecimento de sua linguagem, o Vilavox opera constantemente para inspirar e encorajar outros artistas a investirem no teatro de grupo, no fazer teatral. Em março de 2010, o Vilavox saiu do Teatro Vila Velha - um centro aglutinador e irradiador de cultura com 45 anos de tradição – onde esteve sediado por nove anos e partiu para busca de um espaço próprio, onde pudesse atuar de forma mais autônoma. Eis que adentra o espaço Casa Preta, que propõe a ser uma casa de cultura abrigando diferentes coletivos artísticos.
Nesta nova sede, localizada num casarão localizado no bairro do Dois de Julho, no Centro Antigo de Salvador, o grupo já está ensaiando seus mais novos espetáculos, fazendo produção e planejando eventos. Já aconteceu esse ano uma oficina com o dramaturgo Marcio Marciano, levantando cenas e pesquisas sobre o universo da família Garcia D'Avila, tema da mais nova pesquisa do grupo. Já estão acontecendo também oficinas de perna de pau e aulas de voz, que fazem parte do treinamento da montagem do primeiro espetáculo infantil do grupo, O Segredo da Arca de Trancoso, do dramaturgo pernambucano Luís Felipe Botelho, com direção de Cláudio Machado.