quinta-feira, 4 de abril de 2013

Prêmio Braskem de Teatro

O SEGREDO DA ARCA DE TRANCOSO RECEBE PRÊMIO DE MELHOR ESPETÁCULO INFANTIL 

 

Abaixo, a lista completa (indicados e contemplados, sendo os contemplados em negrito) e as falas de Gordo Neto em nome dos grupos Vilavox e Cia. Teatro da Casa. 

ESPETÁCULO ADULTO
Amor Barato
Dissidente
Entre NósO Olho de Deus: O Avesso dos Retalhos

ESPETÁCULO INFANTOJUVENILMeia Dúzia de Pepinos
O Segredo da Arca de TrancosoPaparutas

DIREÇÃOCláudio Machado (O Segredo da Arca de Trancoso)
Gordo Neto (Dissidente)Thiago Romero (Breve Outono Inverno)

ATORCláudio Machado (O Segredo da Arca de Trancoso)
Daniel Moreno (Ovo e Vice e Versa)
Igor Epifânio (Entre Nós)Lúcio Tranchesi (Salmo 91)
Urias Lima (Amor Barato)

ATRIZAndréa Elia (O Sumiço da Santa)
Denise Correia (O Sumiço da Santa)
Lia Lordello (Tome Isto ao Coração)
Neyde Moura (O Olho de Deus: O Avesso dos Retalhos)
Viviane Laerte (Dissidente)
TEXTOEntre Nós (João Sanches)Meia Dúzia de Pepinos (Jones Motta)
O Olho de Deus: O Avesso dos Retalhos (Sônia Robatto)
Olorum (Gildon Oliveira)
O Sumiço da Santa (Claudio Simões)

REVELAÇÃOBruna Scavuzzi (atuação em SMS: A Saga da Memória Soteropolitana)
George Vladimir (direção de Mar Morto)Laís Machado (atuação em O Sumiço da Santa)
Tato Sanches (atuação em Dissidente)

CATEGORIA ESPECIALJarbas Bittencourt e Ronei Jorge (trilha sonora de Amor Barato)
Márcio Meirelles (cenografia de Drácula)
Ricardo Caian (trilha sonora de Dissidente)
Rino Carvalho (figurino de Amor Barato)Rodrigo Frota (cenografia de Dissidente)




Fala no Prêmio Braskem de Teatro, no caso da premiação de “Melhor Diretor” por “Dissidente”, da Cia. Teatro da Casa.

Obrigado à Braskem e aos colegas da comissão por esta premiação. Entendo esta e qualquer outra premiação como um reconhecimento, sim, mas desde já chamo a atenção que quaisquer escolhas que procurem definir "o melhor", sobretudo em se tratando de arte, é movido também pelo gosto pessoal, pelas circunstancias e vivência daqueles que fazem estas escolhas. Neste caso, em especial - nesta premiação de melhor diretor, preciso mesmo fazer uma ressalva. Não por que imagine que os meus colegas da comissão, gente com certeza gabaritada para este papel, tenha se equivocado. Volto a agradecê-los pela escolha, certo de que, sob seus olhares, Dissidente teve a direção mais acertada em 2012. Mas como estive ano passado envolvido muito profundamente com dois espetáculos, O Segredo da Arca de Trancoso e Dissidente, e pude acompanhar, de dentro, a criação de ambos, devo dizer que, da minha perspectiva, o  melhor diretor em 2012 foi Claudio Machado, de O Segredo da Arca de Trancoso. (Eu não vou chamá-lo a subir, mesmo porque ele já está aqui em cima, trabalhando). Mas este troféu vai ficar na Casa Preta e é nosso, assim como é também de todos nós, da Cia Teatro da Casa e do Vilavox. E não deixa de ser, ainda, uma conquista de todos aqueles que fazem Teatro de Grupo, esta forma de luta do teatro, pelo qual venho, ao longo de anos, me dedicando.

Compartilho ainda com minha equipe: Vivianne Laert, Tato Sanches, Rui Manthur, Ricardo Caian, Luiz Santana, Rodrigo Frota, Dan Rodrigues e Lauana Vilaronga, além de Catarina Santana, que traduziu e me apresentou "Dissidente" - este belíssimo texto de Michel Vinaver.

Agradeço ao nosso único apoiador, o Gelo Garcia, e aos nossos patrocinadores:  MasterCard e Visa, no caso, o meu cartão MasterCard e o cartão Visa de Vica...

Por fim, com esta premiação, mais do que nunca, reafirmo para mim mesmo, almejando eco, a ideia de que com dinheiro ou sem dinheiro, com edital ou sem edital, indicado ou não, com ou sem o apoio da imprensa local; na rua, no palco, numa casa antiga, no TCA, no centro ou na periferia, é preciso fazer teatro: seu teatro, não o teatro do outro, o teatro que dizem ser melhor, que dizem ser "o teatro baiano"! O nosso teatro é heterogêneo, tão variado quanto nossa gente.  Então, sejamos um pouco mais generosos, sim, sejamos mais generosos...



Fala no Prêmio Braskem de Teatro, no caso da premiação de “Melhor Espetáculo” por “O Segredo da Arca de Trancoso”, do Vilavox, ou por “Dissidente”,  da Cia. Teatro da Casa.

Boa Noite, vou falar em nome do Vilavox
OU
Boa Noite, vou falar em nome da Cia. Teatro da Casa

Aos colegas, a cada um vocês, aos que nem conheço, aos que me ensinaram, aos que estão chegando, aos de grupo, da rua, da caixa, da escola, do vila (teatro que me criou, que me deu régua e compasso) - da Sitorne, das oficinas, dos bairros, do centro... a vocês eu gostaria mesmo de dizer, parafraseando Filinto Coelho: todo mundo faz teatro!
Enquanto insistirmos em pensar que o teatro que fazemos é melhor porque é mais bem acabado, mais politizado, mais engraçado, mais engajado, mais isso ou mais aquilo, a gente não vai extrapolar as barreiras do nosso próprio fazer teatral, soteropolitano.  Digo soteropolitano, porque aqui, nesta sala do maior teatro do Bahia, é do teatro de Salvador que estamos falando, e olhe lá, do teatro feito entre a Pituba e o Pelô, talvez. Precisamos compreender que só temos a ganhar se nosso teatro for diverso! 

Esta peça, Dissidente, pela qual recebemos agora este prêmio, foi montada numa sala de uma casa antiga, aqui no centro, pra apenas 20 pessoas.
OU
Esta peça, “O Segredo da Arca de Trancoso”, pela qual recebemos este prêmio agora, foi montada nas ruas e num terreno baldio no Dois de Julho.

E isto, me parece, é tão teatro quanto a montagem oficial do TCA núcleo, é tão teatro quanto o teatro feito pelos “grandes diretores baianos", é tão teatro quanto o teatro que foi feito na tão aclamada década de 90, à qual teimamos em nos referir com um saudosismo tão inapropriado quanto maléfico.  Tenho saudade é do futuro. Daquele, que a gente ainda não construiu.

À imprensa, um apelo: olhem o teatro com mais carinho. Sei que aqui estão alguns jornalistas ligados à cultura, talvez algum editor. Sei que este apelo pode ser em vão, pois muitas vezes, mesmo com a boa vontade dos poucos que ainda escrevem sobre teatro, os anúncios de prédios vendendo outros sonhos ou o “fogo amigo” das outras linguagens, sobretudo da música com seu poder de reunir multidões, o imperialismo sudestino da TV Globo ou dos que dela vêm, ocupam os já escassos espaços. Mas ainda assim, fica este apelo...

Aos gestores peço que abram os olhos: os grupos de teatro em cidades como São Paulo ou Belo Horizonte são os propulsores do que há de mais inovador no teatro brasileiro. E os são porque em ambas há apoio e fomento ao teatro de grupo. Estamos perdendo, aqui, uma oportunidade sem precedentes de fazer uma revolução estética do nosso teatro. Proporcionem aos grupos espaços onde possam trabalhar, criem mecanismos de apoio continuado – aliás, criem não, implementem, pois eles já existem. Não podemos perder este bonde, ele poderá passar.  Fernando, Nehle, colegas artistas que hoje se encontram à frente das Fundações Municipal e Estadual, posso dizer que grupos de teatro esperam de vocês não apenas a coerência com suas histórias como artistas, mas também a percepção, ao nosso ver muito clara, da força criativa que estes grupos têm. 
Pediria, por fim, para que a gente possa visualizar melhor; que os artistas ligados aos grupos, assim como os simpatizantes, os que acreditam nos grupos como uma importante força motriz para o nosso teatro, levantem-se, fiquem de pé e aplaudam a mais um Prêmio Braskem – prêmio este que é de todos os artistas e técnicos que fazem do nosso teatro um teatro vivo e transformador! Evoé!